quarta-feira, 27 de julho de 2011

Parque do Cocó tem problemas ambientais graves
Publicado em 21 de julho de 2011


Emissão de efluentes domiciliares e industriais no rio é apontada como uma das causas para os problemas na área, que sofre também com queimadas nas proximidades das trilhas
Funcionários da Semace detectaram grande quantidade de substâncias químicas no Rio Cocó
O Parque do Cocó, considerados um dos maiores parques ecológicos urbanos da América Latina, tem influência direta na qualidade de vida de quem mora na Capital. E não se trata apenas de paisagem, mas de sobrevivência. Contudo, em plena alta estação, o que se vê é uma vegetação seca, árvores caídas, esgotos e níveis de graxa e óleo nas águas do Rio Cocó, além de uma intensa impermeabilização do solo do mangue.

Todos esses problemas foram detectados através de uma visita técnica realizada na última sexta-feira por representantes do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará (UFC), membros da Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), estudantes e técnicos ambientalistas de Fortaleza.

O professor de Geografia da UFC e integrante da equipe que visitou o Parque do Cocó, Jeovah Meireles, ressalta que as possíveis causas dos danos são a emissão de efluentes domiciliares e industriais no Rio Cocó, que segundo ele, desembocam através de bueiros e estações de tratamentos contaminadas. "A água contaminada com graxa e óleo prejudica a produtividade primária do ecossistema, eliminando os sais mineiras e o fitoplâncton, que são a base da cadeia alimentar", afirma.

AnáliseAinda de acordo com Meireles, o grande índice de impermeabilização do solo gera prejuízos ao aporte de água doce do manguezal. A partir dessas constatações uma equipe de ambientalistas, biólogos e geólogos da UFC vai fazer análises para verificar a evolução espaço temporal do bosque do mangue e a partir daí criar o Plano de Manejo do Parque do Cocó.

"A pesquisa será feita através de imagens de satélite, só assim poderemos constatar a expansão ou diminuição da cobertura vegetal da unidade de conservação" ressalta.

O ambientalista e professor de educação ambiental da Universidade de Fortaleza (Unifor), João Saraiva, diz que geralmente visita o parque, mas nos últimos 20 dias tem notado grande mudança em boa parte da vegetação local. "As árvores estão caindo e as folhas secando. É preciso investigar a causa, disso pois o impacto ambiental pode ser grande. Os órgãos que fazem a gestão do parque precisam dar uma resposta para a sociedade", diz.

Ainda conforme o especialista, 90% das espécies marinhas dependem do manguezal para sobreviver. "É lá onde há reprodução. O mangue é um berçário, onde há crustáceos, peixes e mamíferos, além disso a vegetação, incluindo as árvores, é bastante prejudicada com a degradação", alerta.

Saraiva ressalta que a falta de cuidados com o Parque do Cocó também reflete no paisagismo e no conforto térmico de Fortaleza, já que a área é considerada o pulmão da Capital.

Avaliação
Iraguaçu Teixeira Filho, secretário executivo do Conselho de Políticas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará (Conpam), disse que na última terça-feira o superintendente da Semace, Ricardo Araújo, e técnicos do órgão coletaram amostras da água do afluente. Segundo ele, foi constatada uma grande quantidade de substâncias químicas no seu leito.

Informa ainda que a probabilidade é que os resíduos sejam provenientes de esgotos dos prédios e pontos comerciais do entorno. Ainda de acordo com Teixeira, através das análises será feito um plano de ação para reverter o impacto ambiental. "Vamos investigar os focos e só assim poderemos autuar os infratores que estão realizando o despejo inadequado de esgoto nas galerias pluviais", ressalta.

A respeito da queda das árvores a causa ainda não foi detectada e está sendo analisada.

Saiba mais
Rio corta Fortaleza
A bacia do Rio Cocó ocupa dois terços da área urbana de Fortaleza. Ela atinge 60% dos cursos d´água. Muitas lagoas, canais de drenagem e riozinhos são ´baixos´ do Cocó. Sua bacia hidrográfica tem 485 Km e atravessa a Capital cearense de ponta a ponta. Extrapola, e muito, o bairro homônimo. Ele nasce na Serra de Aratanha e passa por três municípios, Pacatuba, Maracanaú e Fortaleza. Entra na Capital pelo bairro Ancuri e deságua no Oceano Atlântico, entre o Caça e Pesca e a Sabiaguaba.

Semace vai analisar caso de árvores secas no Parque Cocó, no Ceará

Superintendência de Meio Ambiente coletou amostra da água do Rio Cocó.
Uma das suspeitas é a poluição do rio por esgotos de prédios vizinhos.

Do G1 CE, com informações da TV Verdes Mares
Técnicos da Superintendência Estadual do Meio Ambiente (Semace) coletaram amostras de água de três pontos do Rio Cocó para analisar as causas que estão levando as árvores do local ficarem secas e sem folhagem.
De acordo com o ambientalista João Saraiva, há três hipóteses para as árvores estarem morrendo. A presença de óleo detectada no Rio Cocó, alteração natural que desequilibrou o nível de salinização do ambiente e ligações indevidas de redes de esgoto às águas do Cocó.
O superintendente Conselho de Política de Gestão do Meio Ambiente (Conpam), Paulo Henrique Lustosa, reconhece que há rede de esgoto clandestinas que poluem o rio. Ele afirma que as análises da Semace vai averiguar se a causa da morte das árvores está relacionada à poluição de prédios vizinhos.
"A partir do resultado a Semace poderá usar das suas atribuições para notificar e multar. O estado não pode punir baseado no que a gente acha que esteja acontecendo", diz o superintendente. A equipe de reportagem da TV Verdes Mares flagrou água poluída de esgoto sendo jogado diretamente no Rio Cocó.João Saraiva diz também que o Conpam não havia sido notificado sofre a desfolhamento das árvores do Cocó, e que por isso o trabalho de analisar as causas só pô ser iniciado esta semana.


O último pingo d’água que faltava.


Desmatamento aéreo do Shopping do Iguatemi no Parque Ecológico do Cocó

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